O
primeiro “exercício” artístico consiste em acordar a sensibilidade.
Não
somente o olhar, mas a percepção desta experiência. É olhar (ou ouvir, cheirar,
tocar, provar) até sentir em si a ausência de palavras que poderiam descrever o
que é percebido. Pausar o tempo, refrear o próprio ar que nos anima, alcançar
com uma ação a pureza de estar presente.
Assim é
o artista antes de tudo, um sentir sem freio, sem espaço-tempo. E que
fervorosamente ou displicentemente tenta captar e comunicar com alguma
linguagem a própria experiência.
Nesta obra “Luz da rua” de Giacomo Balla - 1909, veja como algo óbvio pode ser sublimado quando percebido integralmente.
A contemplação faz o artista captar e transmitir as suaves cintilações da luz. A imagem rapta nossos olhos e nossas breves ou ausentes experiências contemplativas.
Percebemos o quanto perdemos ao não observar este óbvio que agora nos é tão querido. Somos enlevados.
E existem
os mestres! Aqueles que extrapolam a própria experiência e transbordam num
paroxismo que, aliado a técnica, nos raptam os sentidos e reverberam mundos
dentro de nós.
Não há
quem não repouse nas plácidas águas das “Ninféias” de Monet,
quem não fique
enamorado pelo “Céu Estrelado” de Van Gogh,
quem não seja arrebatado pelo “Beijo”
de Rodin
ou pelas simples mas monumentais linhas das construções de Niemeyer.
Contemplar
as músicas atemporais, os sabores de várias culturas, a poesia e a prosa, o
estar pleno e entregue quando em contato com a natureza, com a gargalhada de
uma criança. Viva o presente em contemplação!
"Contemplar é a meditação do próprio silêncio." - Carla Kalindrah