terça-feira, 28 de junho de 2016

Moldura #artenaprática

“Eu quase que nada não sei.... mas desconfio de muita coisa!”
– Guimarães Rosa em “Grande Sertão Veredas”

Pra começar este #artenaprática vamos falar um pouquinho da moldura....

Ter ou não ter, eis a questão – na verdade várias – a começar pelo preço! Sim senhorxs, moldura também é arte quando bem feita e pensada e faz parte da composição harmônica; tem que estar sem destoar, sem chamar atenção sobre si, sem pesar e – NÃO! – não é “pra combinar com a decoração”. Isto tem preço.

Na dúvida sou do tipo que deixa sem ou quase. Sem ela o quadro “respira”, dialoga com as paredes sem limites definidos por nada que não seja a própria obra; para o quase existe a opção dos “sanduíches de vidro”, com molduras geralmente finas e discretas e sem uso de paspatur (passe-partout *borda em torno do quadro). A própria parede faz este papel: pode-se centralizar a obra no vidro e deixar uma boa sobra até a moldura.

#fato1:  a obra sempre vai dialogar com o entorno, então, é bom que esta fala seja harmoniosa. Na dúvida deixe que a obra prevaleça.
#fato2: se a obra for incrível, a moldura deve ficar em segundo plano mesmo. As Ninféias de Monet que o digam! Diante daquele monumento nada mais é preciso.
#fato3: pense em adjetivos: composição apoteótica/histórica, moldura idem (vide Victor Meirelles); composição minimalista, moldura idem (vide Tomie Ohtake, geralmente sem moldura); composições populares, cores idem na moldura; composições em preto e branco costumam ficar muito bem em molduras pretas; orientais em dourado, prata ou branco; barrocas em ouro velho e bronze. Mas nada disto é norma, há que se ter sensibilidade.
#fato4: moldura fina não quer dizer que não chame atenção. A cor é muito mais definitiva que a espessura. Detalhes e paspatur também devem ser avaliados. Pesquise imagens, harmonize com alguma tonalidade da obra – isto inclui o BRANCO. E resolva o diálogo com a cor da parede.
#fato5: a relação da moldura é com a obra. Você pode e deve ter molduras diferentes se o acervo for eclético. Não tem que colocar a mesma moldura/cor para todos os quadros, a não ser como recurso para destacar uma coleção com obras de um mesmo artista.

comparativo simples com a mesma obra. fonte: site casa da moldura

Enfim, o máximo do aspecto prático: PROTEÇÃO. Não permita que nenhuma pintura fique exposta ao sol ou incidência direta de luz, mesmo que por reflexo. Ela desbota. No calor excessivo craquela. Na umidade gera mofo. Limpe tudo sempre com pano seco. Pinturas a óleo e acrílicas são bem limpas com saliva – pasmem – não inventaram nada melhor. 
Anseio pelo dia que os artistas deixarão indicações no verso, igual roupa tem na etiqueta!
O paspatur também cumpre a função de deixar uma área de respiro fundamental entre o vidro e a obra e não deixa gerar aderência, principalmente para materiais que tenham óleo na composição (pastéis, tintas base óleo, serigrafias, linóleo, xilogravuras em graxa).


Gostou? Opine, acrescente sua experiência, compartilhe.

Arte na Prática

“Eu quase que nada não sei.... mas desconfio de muita coisa!”
– Guimarães Rosa em “Grande Sertão Veredas”



Digamos que a arte que eu realizo baste por si para mim. E somente.
O ato da realização artística – o processo, o acaso, a busca compositiva, as relações cromáticas e luminosas, enfim, este mergulho – por si só já justifica este tempo que, para muitos contemporâneos, “não é útil”.
Vivemos em um tempo comandado por utilidades (!?) onde cada vez mais não se tem tempo pra saber “quanto tempo o tempo tem”. Tempo pra viver, pra contemplar, pra respirar beleza, suspirar sonhos, encher o peito de sonoridades e deixar espaço para a alma.

Dentro de tanta modernidade, o pensamento continua 2D pra maioria..... raso, sem sombras, de contraste falho e  superficial.
Quem sabe com estas linhas mais alguém alcance a “pseudo utilidade” da Arte, já que existe esta sanha de dar utilidade pra tudo.

E na ingênua tentativa de dar alguma contribuição ao campo artístico, ainda que minha Arte não contemple por si tal intento, compartilharei as pesquisas e reflexões que poderiam estender este fazer para tantos talentos.

São mesclas, sistemas de catalogação, reações cromáticas com clima, salinidade e solaridade, testes de materiais, tanta coisa que interfere no fazer e no manter aquilo em que depositamos tanto carinho, tanta energia. E gostaria muito de compartilhar e trocar figurinhas com quem também se dedica a esta parte do fazer artístico. Vamos juntos?

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