quarta-feira, 17 de agosto de 2016

#4tempos e o processo

Volta e meia publico uma série de pinturas botânicas 
#4tempos: 4 pinturas do mesmo motivo feitas em 4 técnicas diferentes.
É um exercício maravilhoso! 


Você aumenta seu domínio sobre o uso dos materiais pra conseguir nuances próximas e talz; e precisa dialogar com as particularidades de cada material utilizado. Textura, técnica de aplicação, superfície, muito raciocínio envolvido antes de soltar a mão, e durante nem se fala! 


Quem tiver interesse é só buscar por #4tempos ou seguir no instagram @kalindrah.

Hoje eu resolvi postar a primeira da nova série. E as etapas de velatura/camadas do trabalho.
Geralmente faço do claro para o escuro, mas isso depende da técnica utilizada. A de hoje foi lápis de cor eco da #fabercastell sobre #papelcanson 220g. E antes que alguém pergunte, a foto da paleta.


Vamos começar!?




1ªetapa - luz


Rascunho básico e fui usando o amarelo limão pra definir áreas luminosas, intercalando com o amarelo puro. 

Fiz o centro primeiro pra definir as mesclas de cor que caracterizariam a padronagem básica para toda a pintura.

Se ficasse ruim aqui, eu começaria outra logo no início certo?!




Dá pra acompanhar pelas fotos que desde o princípio eu busco ficar atenta aos atributos da cor que me darão profundidade. Também é possível no lápis trabalhar com rachuras; mas como farei na série um trabalho em aquarela, ficaria muito desigual. 




Seria uma opção bacana pra quem quiser fazer lápis, caneta bic, canetinha hidrocor, giz de cera, pastel oleoso e caracterizar tudo com rachura! #ficadica

Mesmo assim usei as rachuras no princípio pra combinar os diferentes níveis de mistura entre estes amarelos.


2ª etapa - tons medianos

Busquei a maior gama possível de combinações por rachuras e fusão com as camadas anteriores. 

Pigmentar sobre cada tom de amarelo de forma independente, pigmentar sobre os tons reunidos em diferentes proporções e rachuras, pigmentar sobre o branco. E vamos seguindo. 

O lápis aqui foi o laranja.

E partimos pro laranja escuro.

É o mesmo trabalho feito com os amarelos, mas agora com várias camadas (fundo) diferentes. 

Preservei várias áreas de camadas puras de cada amarelo e também da fusão destes. Fiz o mesmo com os dois tons de laranja.

Fui para as folhas do fundo com os laranjas puros, buscando profundidade pelo uso da cor.
3ª parte - vermelhos

Hora de largar a mão sem pena de ser feliz, mas ligada em não "chapar" as tonalidades. Usando o vermelho pra fazer o fundo das áreas sombreadas nas folhas de primeiro plano. E o vermelho escuro para o segundo plano.

É pintar preservando áreas, ranhuras, tonalidades medianas e áreas claras. Vermelho e vermelho escuro foi o dueto da vez.


4ª parte - contraste

a hora que você jura que pode perder horas de trabalho.... mas tem que fazer sem medo de ser feliz! 

Comecei por um "elo de ligação cromático" - uma cor em comum entre os tons quentes e frios - o verde limão!

As pontas foram iluminadas por ele e a mescla aconteceu por gradação no encontro entre tons.

Quanto mais profunda a área, mais escuro o verde.

Não costumo trabalhar com muitas cores... a riqueza vem mais das mesclas que o olhar cria que da infinitude da paleta.


Mais uma vez muitas rachuras, mesclas superficiais, áreas preservadas em verde claro, verde e verde escuro; e agora - a "temida" sombra! 

No vermelho vamos de VERDE! e vice-versa!
No amarelo vamos de CARMIM!
Sim, os opostos são belos e se complementam que é uma maravilha! Obrigadim Monsieur Monet! E todos os saudosos Impressionistas!

E como lápis de cor é uma coisa que às vezes teima em aderir ao papel - e ficam aqueles buraquinhos sem coberturas que estragam a estética do negócio - é pra essas horas que lembramos de FLICTS e seus parentes! Os ocres! De levinho, só pra ajudar o pigmento a fazer o serviço de cobertura...

E é isso! Aguardem os outros 3 tempos.... em aquarela e ...............surpresa, surpresa! rssss

Transbordo

Quando algo exalta, exala, transcende o próprio espaço, é a própria verdade de si além de si mesmo, este é o transbordo.
Da própria verdade e essência, exercitada na prática dia após dia, naquele espaço limitado pela própria mente que mente à favor do ego;

Quando tudo não é mais que nada.

Quando todo objetivo humano
é menor e contemplado em toda sua limitação do que chamamos compreender;

Quando a mente se cala! - o coração transborda.

Mas transborda a essência de tudo que foi cultivado e alimentado pela mente e pelos sentimentos.
Transborda tudo que foi perseguido, tudo que foi alimentado por sua atenção.
Transborda tal qual um parto, um arroto, um abraço de poros e ossos de quem muito esperou.
No transbordo que se plasma a vida!
Este êxtase feito de "um mais de mim mesmo" e que não pode ser retido, represado, que transborda nos olhos, na fala, nos gestos. Aquilo que não tem disfarce, que extrapola os limites que a mente criou e que desmente a própria farsa.

É de um transbordo que se faz a Arte.

Viemos de um transbordo, daquilo que gera uma vida.

Tudo que tem significado, tudo que transcende, que rompe, que extrapola, tudo que comunica alheio as palavras.

A essência do verbo - o transbordo!

*imagem de estandarte realizado por meus alunos do alphabeto CCI <3

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